RELATÓRIO ANUAL 2019

Comunicação

Comunicação

Conhecer para construir pontes

O diálogo é elemento fundamental no contexto democrático, mas, nos últimos tempos, o “nós x eles” ganhou espaço, aumentando as distâncias e impedindo as oportunidades de comunicação. Um passo importante é ouvir para conhecer quem parece ter uma visão discordante. Esse foi o propósito da pesquisa O Conservadorismo e as Questões Sociais, realizada em parceria com a Plano CDE e lançada em junho de 2019, que entrevistou 120 pessoas residentes em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Recife (PE) com idade entre 18 e 45 anos, renda per capita de R$ 469 a R$ 1.499, sem vínculos com nenhuma organização política e que não fossem politicamente radicais.

A seleção dos entrevistados usou também o filtro de opinião, com base em um estudo do Datafolha sobre o aumento do conservadorismo. A construção do filtro reuniu 11 frases de cunho conservador, como “Quando um casal tem filhos, é preferível que a mulher fique em casa enquanto o homem trabalha” e “Cotas para negros em universidades são uma forma de discriminação”. Foram escolhidas pessoas que concordassem com entre três e oito dessas sentenças, consideradas como conservadoras médias.

Entre os principais resultados encontram-se: os valores mais importantes para os entrevistados estão organizados em torno da ordem, um eixo central claro; há desejo de que a família volte a ocupar, no lugar das escolas, papel central na educação sexual e moral de crianças/jovens; é necessário recuperar a convivência familiar para restabelecer a ordem da sociedade; existe sensação permanente de insegurança e de que situações de violência podem ocorrer a qualquer momento; a luta pelos direitos humanos estaria equivocada, pois foca em quem comete crime, e não em quem sofre com ele; há sentimento de desconfiança e decepção com a classe política; há desconfiança do que é transmitido pela TV e imprensa tradicional; e todos os entrevistados valorizam o papel do diálogo, o respeito às diferenças e mencionaram com tristeza os debates e brigas familiares ocorridas durante o último período eleitoral.

Já no campo das desigualdades, os destaques foram: as políticas públicas que transmitem a ideia de diferença (como de cotas raciais ou de transferência de renda) são vistas com maus olhos; educação de valores e respeito ao próximo são solução para casos de preconceito e violência; o esforço individual, “correr atrás” e “batalhar”, assim como a educação, é a principal forma de superação da pobreza; a igualdade entre homens e mulheres está relacionada muito mais ao reconhecimento de uma situação equiparável no mercado de trabalho; a prática da homossexualidade, visível no espaço público, atentaria contra o padrão que deveria nortear a sociedade; e o temor de que argumentos identitários passem a pautar as relações sociais. Há um forte reconhecimento da desigualdade social e a identificação dessa situação como uma injustiça, que deveria ser tratada por meio da geração de oportunidades iguais para todos.

Criando pontes

A disseminação da pesquisa é ponto importante no objetivo de criar pontes e, desde seu lançamento, além de encontros para debater os achados do estudo, como o realizado no auditório da Folha de S.Paulo, na Tapera Taperá, ou com deputados federais do campo progressista em Brasília, seus resultados repercutiram em veículos variados de imprensa. No total, foram 45 reportagens produzidas. Entre elas destacam-se reportagem da Folha de S.Paulo, no caderno Poder, e em artigos do mesmo veículo e citação em podcasts, como o Mamilos, da B9, e Café da Manhã, também da Folha de S.Paulo. Ela foi também mencionada em artigo no Blog do Noblat, do jornalista Ricardo Noblat, hospedado no site de Veja

Além disso, o estudo, que está disponível gratuitamente no site da Fundação Tide Setubal, foi baixado quase 1.800 vezes desde a publicação até dezembro de 2019. Inclusive, boa parte dos downloads foi feita por pessoas que pesquisaram no Google sobre o material; 26% por pessoas que acessaram o site da Fundação diretamente no navegador; e 24% o fizeram por intermédio das redes sociais.

Próximas etapas

Pensando na pesquisa O Conservadorismo e as Questões Sociais como ferramenta para comunicação, a Fundação Tide Setubal, em parceria com o Instituto Alana e a Rede Narrativas, se conectou a diferentes comunicadores para refletir sobre caminhos e possibilidades de construção de novas narrativas, visando contribuir para o campo progressista. O lançamento está previsto para meados de 2020.

Prática
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Mobilização social
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Desenvolvimento
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