RELATÓRIO ANUAL 2019

Mobilizaçao social e redes

Mobilizaçao social e redes

O papel do edital Elas Periféricas no apoio a lideranças femininas negras

Dentro da lógica de superação de condições materiais e subjetivas que resultam na criação de estereótipos e segregam territórios periféricos, em particular na capital paulista, a área de Mobilização Social e Redes da Fundação Tide Setubal tem como uma de suas missões fortalecer lideranças de tais espaços por meio do repasse de recursos privados para fomentar esses atores, assim como iniciativas, instituições e negócios de impacto.

Uma das iniciativas desenvolvidas por essa área é o edital Elas Periféricas. O projeto, baseado em recortes sociais a partir de gênero, raça e território e que se conecta a aspectos intrínsecos ao trabalho desenvolvido pela Fundação, é destinado a organizações que contem com mulheres negras no quadro de suas lideranças, não tenham fins lucrativos e que sejam administradas pelas integrantes dessas mesmas organizações.

Na segunda edição, seis iniciativas foram contempladas e cada uma recebeu R$ 40 mil. O recurso financeiro vem acompanhado de um ciclo de potencialização composto por formações em grupo (potencializações), mentorias e conversas inspiradoras cujos temas são escolhidos a partir de um diagnóstico realizado com as apoiadas.

Entre as ações realizadas em 2019 foram dois encontros com a Amma Psique sobre cuidado e autocuidado; uma conversa com Sueli Carneiro, filósofa e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra; além de mobilização e conexão com dez mentores especialistas em áreas distintas e relativas à atuação das seis iniciativas potencializadas.

Conheça as lideranças selecionadas e apoiadas no edital Elas Periféricas 2

Afro Chef, do Mulheres de Orì: a iniciativa, que prioriza territórios marcados pela vulnerabilidade social, em especial a Cidade Tiradentes, visa oferecer estratégias para o enfrentamento e superação da violência doméstica ao promover o incentivo à autonomia econômica por meio de cursos livres de gastronomia, empreendedorismo e temáticas de gênero e raça. Os cursos abordam a culinária afro com foco na valorização da cultura afro-brasileira e o desenvolvimento da autoestima e de pertencimento étnico-racial.

Curso de Educação Financeira, do NoFront – Empoderamento Financeiro: o foco do projeto é democratizar a economia por meio da educação financeira e de valores como unidade, ética, trabalho coletivo, economia cooperativa e fortalecimento étnico-racial. Ainda, letras do grupo Racionais MC’s são usadas como instrumento didático durante as aulas.

Em Campo: Afeto, Empatia e Sororidade, do Perifeminas F.C.: fundado em Parelheiros, no extremo Sul de São Paulo, o time feminino de futebol tem como missão ser um espaço de fortalecimento de mulheres. O coletivo organiza também rodas de conversa, inserção de novas integrantes no time, a promoção de ações afirmativas e a realização de passeios a espaços educacionais e culturais.

Nóis por Nóis – Festival das Estações, do Nóis por Nóis: a missão do coletivo é promover o acesso a bens culturais, a prática da autogestão e a potencialização dos meios de produção de posse coletiva. O objetivo é provocar mudanças na relação entre empreendedores e a periferia, incentivar e desenvolver práticas sustentáveis para profissionalizá-los e usar a tecnologia por meio da criação de plataforma para proporcionar mais visibilidade aos produtos feitos por eles.

Queixada: Agência de Desenvolvimento Cultural Eco Turístico, da Comunidade Cultural Quilombaque: agência de turismo criada para facilitar o acesso da comunidade à memória do território de Perus que promove, por meio do Museu Territorial de Interesse da Cultura e da Paisagem Tekoa Jopo’í, diálogos, conexão entre movimentos sociais e o resgate da memória da região. O projeto oferece também trilhas de aprendizagem, nas quais os participantes aprendem sobre os diversos temas presentes na região. A atuação da agência no território fomenta também o envolvimento da comunidade e o estímulo à geração de renda local.

Conexão Ancestral – As Rainhas Negras Existem!, do Levante Mulher: projeto atuante na comunidade do Jardim Cláudia, na zona oeste, que é voltado ao empoderamento de meninas negras por meio do conhecimento de suas origens e histórias com base em atividades lúdicas e artísticas, como oficinas de teatro, dança, circo e música. Um dos destaques da iniciativa é a realização de um workshop de fotografia, sendo que as imagens, voltadas à promoção do despertar da autoestima das garotas, farão parte da exposição Rainhas Negras Existem, que será feita juntamente com a apresentação de intervenções artísticas em evento aberto à comunidade.

Prática
local

Mobilização social
e redes

Advocacy
e políticas públicas

Comunicação

Desenvolvimento
organizacional