Ao levar em consideração que a área de Mobilização Social e Redes da Fundação Tide Setubal tem como premissa influenciar diferentes setores da sociedade por meio de temáticas relacionadas às periferias urbanas e desigualdades socioespaciais, a relação com universidades passa a ter papel estratégico nesse cenário.
Em 2019, a área estabeleceu como uma das diretrizes de atuação estreitar o relacionamento com universidades e centros de pesquisa. O objetivo dessa medida é estimular e valorizar a produção do conhecimento científico e a formação de estudantes e de quadros de pesquisadores com trabalhos focados nas periferias. Essa premissa ganha ainda mais importância ao considerar o cenário vigente no Brasil, marcado por restrições e cortes de recursos para agências públicas de fomento à pesquisa.
Um dos núcleos apoiados pela Fundação Tide Setubal é o projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais, da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, que está vinculado ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). O projeto, que consiste em espaço para discussão e promoção de atividades voltadas ao universo artístico com foco na gestão cultural, recebeu apoio da Fundação pelo segundo ano seguido, e as atividades da cátedra, que tem como titular Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré, estão ancoradas em três iniciativas. Uma delas é o Centralidades Periféricas, que consiste em diálogos entre membros do mundo universitário, artistas, intelectuais e ativistas de territórios periféricos, e tem como objetivo a aproximação entre a universidade e as periferias.
A iniciativa Conexões com as Periferias diz respeito à aproximação entre áreas periféricas dos seus respectivos campi universitários. O projeto, que prevê a criação de uma plataforma digital no site da IEA-USP, visa ampliar a divulgação de ações e estudos desenvolvidos por membros da USP para as periferias brasileiras, assim como receber sugestões de estudos que poderiam ser feitos pela universidade sobre e com as periferias. O espaço tem também como foco ampliar a democratização do acesso e permanência de grupos sociais populares na universidade.
O Pontes e Vivências de Saberes consiste em diagnóstico sociocultural e econômico em comunidades localizadas ao lado dos campi da USP Butantã e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), em Ermelino Matarazzo, na zona leste. A ênfase do projeto está nos perfis dos moradores de ambas as localidades no que diz respeito a demandas, características e relacionamento histórico com a USP.
O Afro – Núcleo de Pesquisas e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial –, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), também recebeu investimento da Fundação Tide Setubal para sua criação. Coordenado por Márcia Lima, professora do departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e conselheira da Fundação Tide Setubal, o núcleo Afro realiza pesquisas sobre a temática racial com foco no enfrentamento do racismo, na promoção dos direitos humanos e no fortalecimento de valores democráticos.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também está entre as universidades parceiras da Fundação, com acordo de cooperação fechado em dezembro de 2019. A proposta é, em princípio, fomentar pesquisas em periferias urbanas e áreas socioambientalmente vulneráveis na região metropolitana de São Paulo – os estudos têm como objetivo aprimorar políticas públicas, fortalecer organizações locais e atuar na redução de desigualdades e na garantia de direitos em tais regiões. A proposta inclui também a criação de apoio ao Centro de Memória da Zona Leste.
Por fim, a Fundação participou da criação do edital Equidade Racial na Educação Básica. O Edital é uma iniciativa do Itaú Social, sob realização do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) e conta com a parceria da Fundação Tide Setubal, Instituto Unibanco e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas (ONU), e visa apoiar a realização de pesquisas e premiar artigos científicos que apontem soluções para os desafios da equidade racial na educação básica.
O objetivo do edital é fomentar pesquisas e reconhecer artigos científicos que possam fornecer pistas sobre aspectos do cotidiano em escolas e nas diferentes esferas da gestão pública da Educação que necessitam de revisão, demandam intervenção de gestores, professores e de toda a comunidade escolar, e que precisam ser construídos para garantir equidade de raça e gênero. A Fundação propôs o reconhecimento de artigos científicos, o que ocorrerá em caráter financeiro e por meio de menção honrosa.
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