Um ano de desafios e muito trabalho na promoção da equidade

O ano de 2019 revelou-se desafiador, sob inúmeros aspectos, para o combate às desigualdades. Na esfera federal, o início de uma gestão governamental, que é pautada pelo conflito, tornou ainda mais evidente a importância do fortalecimento de organizações da sociedade civil na luta pela promoção da equidade e na defesa de marcos democráticos e civilizatórios. Entre outros fatores, entender de maneira ampla o panorama vigente foi uma necessidade identificada para definir estratégias e iniciativas dentro da nossa missão.

A pesquisa O Conservadorismo e as Questões Sociais, lançada em parceria com a Plano CDE, nos auxiliou a compreender o olhar do público conservador médio para as questões sociais com o propósito de encontrar possíveis pontos de conexão e diálogo. Ao lado dela, realizamos diferentes diagnósticos e estudos sobre desigualdades sociais e a vulnerabilidade, identificadas em regiões periféricas, que forneceram subsídios para a construção de iniciativas para maximizar a potência de lideranças e atores periféricos.

O fomento e apoio a coletivos, lideranças e iniciativas, presentes em diferentes territórios, cresceram de 13% do orçamento da Fundação, em 2018, para 19% do orçamento total da instituição em 2019. Entre as ações está a realização do Circuito Literário nas Periferias (Clipe), que pelo segundo ano consecutivo potencializou e apoiou ações nas periferias da capital paulista por meio de encontros e debates, formações literárias para professores da rede municipal de educação, além do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Outro destaque é o edital Elas Periféricas, que, em sua segunda edição, possibilitou a intensificação de lideranças femininas negras, que estão à frente de projetos de impacto em São Paulo.

Em paralelo, lançamos o Matchfunding Enfrente, em parceria com a plataforma digital de financiamento coletivo Benfeitoria, com o objetivo de fomentar iniciativas que ocorrem nas periferias urbanas de todo o Brasil, por meio de colaborações de apoiadores triplicadas por fundo composto pela própria Fundação e diversos parceiros.

O Vozes Urbanas, espaço para promover temas relevantes às causas defendidas pela instituição e que se propõe a influir no debate público, promoveu seis encontros com diálogos sobre desigualdades educacionais, com destaque para gênero, raça e território. Esses marcadores foram também elementos norteadores para a criação do Indicador de Desigualdades e Aprendizagens (IDeA), que mede a aprendizagem, considerada a terceira dimensão do direito à educação; e do seminário Democracia, Educação e Equidade: Uma Agenda para Todos, realizado em parceria com a Unesco e o Insper, que reuniu mais de 400 pessoas, em dois dias de encontro, com o propósito de fortalecer o debate brasileiro sobre desigualdades educacionais, democracia e justiça social.

Tais aspectos estão intrinsecamente ligados também às nossas ações no território do Jardim Lapena. Em maio de 2019, após ter passado por reformas, o Galpão ZL foi reinaugurado e visa ser um hub de inovação e empreendedorismo na zona leste de São Paulo, além de promover atividades em áreas diversas e prestar auxílio à comunidade que mora na região. Uma das ações realizadas nessa nova fase foi o Hackathon Inova ZL, que reuniu mais de 100 pessoas em uma maratona de soluções para o bairro, com apoio financeiro e mentoria para três grupos vencedores.

Por fim, a expertise resultante do trabalho lá executado propiciou a idealização de ações e estudos voltados à adoção do orçamento territorializado por parte do poder público, o que possibilita otimizar e aumentar a destinação de verba para áreas periféricas e o investimento em setores estruturais e importantes para o bem-estar social.

Muitas dessas ações chegaram à sociedade civil por meio das ações de Comunicação. Além do desenvolvimento de estratégias para sensibilização e engajamento de atores e organizações, como no caso dos conteúdos produzidos no Enfrente, canal da Fundação no YouTube que teve mais de 600 inserções de projetos em diferentes veículos da imprensa nas diferentes regiões ao redor do Brasil.
Todos esses resultados ocorreram pelo trabalho de uma equipe comprometida. Pessoas com diferentes formações e origens que se unem nessa construção. Assim, como orientamos nossas ações externamente, focamos a diversidade do time da Fundação. Hoje, 64% dos funcionários e 55% da liderança são mulheres, ao passo que 60% dos componentes e 45% dos gestores são negros. Durante 2019, estivemos juntos construindo essa história.

A seguir, você terá contato com a íntegra dos projetos desenvolvidos pela Fundação Tide Setubal. Seguimos em frente!

Boa leitura,

Maria Alice Setubal

Presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal